Análise: Alcolirykoz - No Está En Venta, Prod. El Arkeólogo (2019)

06-11-2023
Alcolirykoz - No Está En Venta (Prod. El Arkeólogo)
Alcolirykoz - No Está En Venta (Prod. El Arkeólogo)

Introdução

Continuamos com mais um clássico de Alcolirykoz – No Está En Venta, Prod. El Arkeologo (2019), do álbum Aranjuez. É produzido por um dos constituintes deste grupo, Gambeta, também conhecido por Arkeólogo. Facto interessante: Segundo Pavas (agosto de 2017), conforme é referido na plataforma da estação Radionica, a razão que o leva a ter esse nome é "o fascínio particular por redescobrir tesouros nas músicas para dar-lhes uma nova vida ao som do Hip Hop." (tradução minha). É desta forma que segue esculpindo a sua arte, escavando e encontrando verdadeiras relíquias musicais, de qualquer campo, que reinventam e influenciam a sua forma de fazer música. 

A música em reflexão trará temas como: a resiliência, manter-se fiel a si mesmo, as lutas enfrentadas na indústria musical, entre outros. 

Lançamento e Vídeoclipe

Esta música foi lançada em 2019 e conforme mencionado, pertence ao álbum Aranjuez. É parte de uma triologia, que foi nomeada de "Aguinaldo", que denomina o ato de se dar um presente a alguém no Natal. Da mesma, fazem parte a presente música "No Está En Venta"; "Aranjuez" e "Pambelé". 

Ao longo do videoclipe há referência a vários elementos presentes na cultura popular e romântica colombiana, como artistas de "bolero" (música com um ritmo lento), o coro alusivo à cumbia (um estilo de música afro-caribenho), a cerveja Pilsen (clássica em Antioquia, sobre tudo Medellín). 


Análise Gambeta

Analisando a música em si, Gambeta faz uma referência a Sebastián Yatra, um cantor e compositor Colombiana, que foi criado em Miami e, segundo ele, comprou uma carreira na música, expressando-o através da expressão "hijos de Yatra, su mayor talento es malgastar la fortuna de papá". Sendo assim, "Yatra" faz referência a jovens ricos, de classe alta que por influência, cunhas e dinheiro dos pais, conseguem ter visibilidade e atingir o sucesso. 

Tamb´ém é vincada uma forte crítica política, quando Gambeta remete aos 'fajardos', através do verso "tibios, esto está lleno de Fajardos". Fajardo é um tipo de político que tenta agradar a todos, que enquanto é candidato é centrista e neutro , ou seja, não apoia nem a direita, nem a esquerda, mas no final, quando chega à presidência tira a sua máscara e revela a sua natureza extremista e fachista. 

Gambeta descreve que o seu sucesso foi obtido através de trabalho árduo, criticando também a indústria musical por desvalorizar artistas femininas.

 

Análise do Refrão e Influências Musicais

O refrão é cantado por Gildardo Zuluaga e Jhon Jairo Duque. Nele constatamos uma referência a "Aguacero de mayo", que remete à inspiração em clássicos do folclore colombiano como o de Totó la Momposina, "Aguacero de mayo", ou outros trios de cordas folclóricos da Colômbia, sobretudo da região de onde é esta banda, Antioquia. Especialmente na costa Caribe da Colômbia, existe a "cábala", superstição de que maio é sempre um mês de muita chuva, favorável para os agricultores de grande parte do país e as suas lavouras, porém, muitas vezes o nível das chuvas é tal que em vez de favorecer, gera inundações; e há a dicotomia do refrão da música, implorando pela abundância sabendo que a cura pode ser pior que a doença, por assim dizer. O "aguacero" parece remeter a uma dura crítica às editoras da indústria musical colombiana que impedem a liberdade criativa dos artistas que representam, tirando-lhes até a dignidade. Alguns produtores levam tudo à frente, tal como a chuva de maio. 


Análise Kaztro

Os versos de Kaztro reforçam o seu sentido de identidade e transmitem um sentimento de honra pelo seu valor artístico e uma implicação negativa quanto a concordar com as expectativas da indústria especialmente quando menciona "disqueras que solo saben comprar, han ofrecido plata por mi música pa' que la haga mal".  

Remate Final

No geral, esta música fala sobre o compromisso do artista para com a sua música e expõe problemáticas vividas na indústria.

Referências

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