Análise: Alcolirykoz - N.A.D.A., Prod. El Arkeologo (2015)

Iniciamos a jornada das análises musicais com um clássico colombiano, Alcolirykoz - N.A.D.A. Prod. El Arkeologo (2015). Esta música conta com a colaboração do DJ Fazeta e dos mc's Kaztro e Gambeta, sendo este também o produtor com o seu pseudónimo de Arkeólogo, de Ashkahp na mistura e de Sebastian Lopera na masterização, elaborada no AudioStem Studio. Foi gravada no Boombawa Home Studio com direção e realização de Julián Gaviria.
Esta faixa foi lançada a 17 de dezembro de 2015 pela JM World Music e integra o álbum Servicios Ambulatorioz lançado a 2017. O nadaísmo, um movimento artístico e filosófico de contracultura na Colômbia, altamente influenciado pelo niilismo, é uma interpretação da existência humana (existencialismo) que motivou o desenvolvimento deste álbum, com especial e óbvio ênfase na música em análise. A banda Alcolirykoz inclusive participou num concerto de celebração dos 60 anos do nadaísmo. Também como forma de remate pode-se adiantar que o acrónimo N.A.D.A. significa Nunca Antes Después Ahora, derivado à influência do nadaísmo.
Em 1999, no bairro Aranjuez, em Medellín, Colômbia, surgia Arnez, formado por Kaztro e Gambeta, nome anterior ao grupo Alcolirykoz, que em 2005 se acaba por delinear no formato que conhecemos hoje, com os elementos Juan Carlos Fonnegra (Gambeta), Carlos Andrés (Kaztro) e Gustavo Adolfo (Fazeta). Este grupo dedica-se a denunciar a violência, a injustiça, corrupção, etc., vivida no seu país, mas que acaba por se alastrar pelo mundo inteiro. A sua discografia já conta com uma lista bem enumerada:
- En letras mayúsculas (Demo), 2007;
- La relevancha de los tímidos, 2010;
- El despilfarro (EP), 2011;
- Viejas recetas, remixes y otras rarezas, 2012;
- Efectos secundarios, 2014;
- Servicios Ambulatorioz, 2017;
- En letras mayúsculas (Reedición), 2018.
A música N.A.D.A. inicia com uma referência à obra musical de Domenico Modugno (um dos mais importantes cantores italianos), Sortilegio de Luna de 1973. Este é o mote para um tema agradável, invador e relaxante, uma vez que ainda se agregam os sons do mar à música em si (uma tremenda mistura!). Pode-se denotar desde já que o mar será um grande símbolo da música. Destaca-se desde já que o local de gravação do videoclipe foi o Parque Nacional Natural Tayrona em Santa Marta, Madalena, Colômbia.
Numa aproximação à letra em si, numa viagem através de uma poesia rítmica, verifica-se que o verso inicial citado por Gambeta (aka Arkeólogo), "el mar no me conoce aún", terá sido também uma das maiores inspirações para este fenomenal tema. Esta frase interpreta-se como que existe ainda muito por saber e realizar, sendo assim não podemos perder tempo com coisas insignificantes.
Através dos versos interpreta-se o aproveitar de cada dia como se fosse o último, a perseguição do que nos faz feliz, independentemente da situação ou momento e a adotação da simplicidade. É mencionado também que esquecer o tempo é a melhor decisão porque este pode consumir interiormente e sem travão. Outro pensamento poderá também ser o facto de que o material é passageiro ou efémero, mas o espírito será sempre livre e eterno. Uma outra interpretação poderá que ser de que junto ao mar (ou à natureza) podemos ser aquilo que somos verdadeiramente, porque o mar não faz julgamentos. O mar, segundo visão pessoal, representa a imensidão daquilo que ainda há por aprender e conhecer. Mas o objetivo não será apenas conhecer, será deixar-nos levar pela sua grandeza e humildade, a dele e dos nossos amigos. O encontro com o mar é caraterizado como um clímax, onde tudo o que não importa se torna uma inutilidade. Esta música acaba por trazer um sossego enorme, por entre melodias muito bem conseguidas.
Para os mais curiosos disponibilizo uns links para alargarem o vosso conhecimento quanto a este grupo, que criou um hino cultural tremendo:
- https://rap.fandom.com/es/wiki/Alcolirykoz;
- https://soundcloud.com/el-arkeologo;
- https://www.youtube.com/watch?v=5qmeBEkPcAc;
- https://www.youtube.com/watch?v=dFdXoJZ9Nc4;